quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Carta aberta contra a asneira

Carta Aberta contra a Asneira
A propósito das variedades de milho transgénico resistentes à Broca


As variedades de milho geneticamente modificado utilizado em Portugal permitem, a pequenos e grandes agricultores, reduzir os custos de produção entre 10 a 15%, aumentar a produtividade até 25%, evitar o uso de pesticidas, reduzir a emissão de dióxido de carbono por redução do uso de tractor e reduzir 50 a 90% o teor em micotoxinas, substâncias produzidas por fungos e que afectam a saúde de pessoas e animais. Estima-se que a utilização mundial destas variedades, entre 1996 e 2004, permitiu uma redução cumulativa de 172.500 milhões de toneladas de pesticidas e, só em 2005, evitar a emissão de dióxido de carbono correspondente a mais de 4 milhões de carros. Esta é, portanto, uma tecnologia sustentável. Ou não?

Esta pergunta surge na sequência da carta aberta de Aníbal Fernandes e Carlos Pimenta “A propósito dos OGMs” publicada no Expresso de 17-11. Na verdade o texto é descuidado e desinformativo, na suposta justificação de que qualquer meio justifica os fins supostamente benevolentes da exclusão das variedades vegetais transgénicas.

As questões que os autores colocam têm todas como resposta interesses económicos e políticos facilmente identificáveis. E o tema só é controverso porque essa controvérsia tem finalidades bem distintas do bem comum. Contudo, nem a Organização Mundial de Saúde, nem as agências nacionais e internacionais de segurança alimentar referem qualquer prejuízo para os animais e pessoas devido ao consumo de alimentos contendo derivados das variedades transgénicas aprovadas.

Os agricultores não ficam dependentes das variedades transgénicas se não as quiserem utilizar. No caso do milho (a única cultura com variedades transgénicas autorizadas para serem produzidas na Europa), os agricultores que produzem comercialmente compram todos os anos as sementes porque elas são híbridos, mesmo que não sejam geneticamente modificadas. Seria desastroso para eles se guardassem as sementes de um ano para produzir no ano seguinte. Transgénicas ou não. E os agricultores sabem bem disso.

Os agricultores são obrigados a frequentar acções de formação se quiserem produzir variedades transgénicas. Existe em Portugal legislação clara e rigorosa sobre o cultivo, rastreabilidade, rotulagem e fiscalização da produção. Na verdade, durante anos, várias organizações (entre as quais o Centro de Informação de Biotecnologia) têm divulgado e debatido a utilização desta tecnologia. A falta de informação reside apenas para aqueles que não querem aceitar as evidências.

Em Portugal não existe qualquer risco para a biodiversidade no uso de variedades de milho transgénico. Primeiro porque não existem outras plantas com que o milho se cruze e a espécie é tão variável que a cada grão de milho no campo corresponde um tipo genético distinto. Depois porque as variedades tradicionais portuguesas não se encontram nas planícies onde se produz o milho comercial em Portugal, mas sim nas montanhas. Ainda porque as datas de floração das variedades tradicionais são tão distintas das dos híbridos comerciais que não há possibilidade de fecundação entre elas.

Finalmente porque, felizmente, no caso do milho português, ainda existe trabalho, quer no campo, quer no laboratório, que continua a estudar e a valorizar as variedades tradicionais (nomeadamente as utilizadas na produção de broa).

Aníbal Fernandes e Carlos Pimenta demonstram um total desconhecimento da realidade da agricultura Portuguesa, do que é a agro-biodiversidade, do que é o milho e a sua cultura, do que é melhoramento vegetal, do que é sustentabilidade e do que são variedades transgénicas.

As responsabilidades destes autores deveriam obrigá-los a ser mais cuidadosos e a não induzir conclusões precipitadas nos leitores. E a não fazerem generalizações, nem relatos parciais e descontextualizados com a única aparente finalidade de assustar o público. Não existe nenhuma “catástrofe anunciada” devido ao uso das variedades transgénicas vegetais. O seu uso, desde que devidamente cuidado, beneficiará inevitavelmente quer o ambiente, quer a saúde animal e humana.

Na verdade espero que o Ministro da Agricultura (qualquer Ministro da Agricultura) seja capaz de ler o texto escrito por Aníbal Fernandes e Carlos Pimenta e entenda que apenas se pretende com ela comprometer a agricultura e os agricultores portugueses, num país que importa 2/3 do milho que consome (e que vai ter que pagar quase mais 50% por ele devido ao aumento brusco dos preços no mercado mundial), milho esse que é comprado em países que não descriminam as variedades transgénicas das convencionais.

Lisboa, 21 Novembro de 2007

Pedro Fevereiro

(Presidente do Centro de Informação de Biotecnologia

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Preços do milho

Os preços futuros do milho atingiram na sexta-feira o maior patamar em cinco semanas na bolsa de Chicago, na medida em que a desvalorização do dólar impulsionou a demanda de investidores como forma de proteção contra a inflação. "O Fed [banco central dos EUA] observou a alta da inflação em sua decisão sobre os juros, o que elevou a compras especulatórias", disse à Bloomberg o diretor de agronegócio da Archer Financial Services, Greg Grow. O resultado também foi influenciado por afirmações da Informa Economics de que a safra de milho dos EUA será menor que o previsto mês passado. Em Chicago, os papéis para dezembro subiram 8,25 centavos, para US$ 3,77 por bushel. No mercado paulista, a saca fechou, na quinta-feira, a R$ 29,36, com alta de 0,77%, segundo o Cepea/Esalq.

Fonte: Valor Econômico